quinta-feira, 25 de abril de 2013

Joh, um assassino "justo" com suas vítimas(um conto)

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Ainda muito jovem pusera no coração o desejo de matar por vingança. Um homem, sem saber nem de longe as consequências de seus atos, e seria mesmo impossível conjeturar de modo a prevê-las, fizera algo que viria a ser posteriormente de muito, mas muito desagrado mesmo aos sentimentos de Joh. Ferido, ele amargara muito a dor de não poder voltar no tempo e salvar a vida daquele homem riscando da história o que ele fizera. Irremediavelmente teria que matá-lo. Não seria possível viver no mesmo planeta, nem nem sequer na mesma galáxia em que Joh vivia.

Precisava ter certeza de que não mataria a pessoa errada, e assim, Joh "puxou a ficha" do homem detalhadamente.Começando pelo nome, apelido, empresa em que ele trabalhava, sinais de nascença, marcas no corpo ou qualquer sequela que o caracterizasse. De posse de informações razoáveis, mas muito seguras, ele começou a trabalhar na morte do homem. Já possuía informações suficientes para a maioria dos criminosos executarem suas vítimas. Porém, Joh era por demais meticuloso. Queria matar, não assumir autoria, por mais insignificante que fosse a lei em seu país.

Assim levou mais de um ano monitorando a vida da vítima, mais discreto que o FBI, até que sentiu que era chegada a hora de executar o plano. Um dos motivos de sua convicção era o fato de que o homem já havia feito inimigos declarados(Joh era um inimigo, mas não declarado) e estava até jurado de morte. Joh poderia matá-lo a qualquer hora, desde que não o fizesse às claras, pois já havia gente na frente dele para que a polícia desse início às investigações, caso se preocupasse com a morte de um homem qualquer.

Joh era vigilante e trabalhava em local filmado. Mas, como era técnico em informática, deu um jeito de encaixar perfeitamente nas gravações imagens dele mesmo, só que em outro dia, para que fizesse parecer que não se afastara do local durante a morte do homem, que deveria ser às 4:30 da madrugada num determinado lugar.

Estava Joh com seu inimigo a frente enquanto sentia uma sensação indescritível. Tinha muito mais convicção do dever de matar do que raiva. Estava frio por demais em seu interior. Deu os passos até o local e o chamou pelo nome, quando o homem voltou o rosto, ele deu a sentença: "Fulano, voce vai morrer nestes próximos segundos por isso, por isso e por isso. Saiba que não terá chances de se arrepender nem rezar, porque conheço voce e sei que não reza. Só quero que olhe nos meus olhos enquanto lhe mato, porque o que fez naquele dia me mata também até hoje..." Ele ia dizer mais coisas quando percebeu que, enquanto falava, as mãos ficavam trêmulas ao ponto de não sentir a pistola que empunhava, e também o homem esboçava um aspecto de quem estava desmaiando. Não queria matar um cara desmaiado, teria que ser de pé. E assim arrastou o dedo.

O primeiro tiro passou raspando na cabeça do sujeito, que criou coragem para fugir, como quem acreditara em milagre, mas foi só o suficiente para encorajar Joh mais ainda a dar o próximo tiro, o que esfacelou a coluna na altura do pescoço e a cabeça deitou para o lado antes do corpo morto cair no chão em convulsões.

Foi adorável para Joh esse momento. Ele sentiu uma euforia orgásmica e quase se masturbou sobre o cadáver ainda quente daquela homem que tanta coisa ruim representou em sua vida.

O tempo passou e Joh jamais foi citado em inquérito algum. O crime teve autoria desconhecida e foi arquivado em meio aos milhares de papéis que amarelam nos foros.

Certo dia, Joh teve a oportunidade de cometer o mesmo erro que aquele homem, a quem matou, cometera. Mas ele lembrou-se o motivo e sentiu que se fizesse a mesma coisa seria digno da mesma morte que ele. Privou-se, embora tentado, de amar uma linda mulher morena, de corpo escultural, cabelos escorridos e lisos, porque fora exatamente essa a razão que mandou para a sepultura, sem relutância, um homem inocente naquela madrugada fria. Inocente para qualquer lei, menos para a lei de Joh, que estava seguro de ter feito a coisa certa.

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