quinta-feira, 25 de abril de 2013

Funk e ostentação ditam "estilo" de vida criminosa nas grandes metrópoles

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As vozes dos cantores de funk paulistano não negam a idade de "moleques" financeiramente "bem resolvidos", semi-alfabetos(aparentemente), mas exímios conhecedores de marcas de roupas famosas, carros importados, bebidas raras, joias e que se dizem cercados por mulheres lindas.

O funkeiro "MC Daleste", cujo nome faz alusão à Zona Leste de São Paulo, região de baixa renda da onde o custo habitacional é "mais popular", não abre mão de citar em suas músicas as marcas de grifes famosas, como "Dolce Gabbana", "Louis Vuitton" ou redutos de ricaços, como Guarujá, Copacabana e Angra dos Reis, perfumes como "Two And Two", automóveis caros, como "Captiva"(Chevrolet) e "Santa Fe"(Hyundai) ou motos como a "YZF-R1"(Yamaha) e a Ninja(Kawasaki).

A pergunta que fica é, como meninos que mal criaram pelos na cara, aparentemente sem ter cursado o ensino fundamental, pois usam palavras como "nós pode", "elas faz" ou "grife portada", conseguiriam dinheiro para comprar carros caros e ostentar cordões de ouro e frequentar redutos de famosos e milionários? Os astros desse gênero justificam-se, com folga, nos rendimentos do mercado musical, com shows superfaturados e vendas online de ringtones. Mas, e quanto as pessoas "descoladas"(o inverso de "recalcadas") de quem suas músicas falam? Que fonte de renda dá suporte a esse "oba-oba" de gastos, como se dinheiro jorrasse das torneiras da Sabesp? Ora, de assaltos, de roubos, contrabando de armas e drogas.

Assim, o problema não está relacionado a estes artistas em si, mas ao estilo de vida que suas letras musicais tratam, e o que é pior, quando revelam uma realidade indigesta em nossa sociedade: a do crime organizado e suas facções jamais controladas, sequer extintas, pelo estado.

Sem a menor censura, o músico MC Daleste, só por exemplo, revela na letra:

"Mulekes formados em faculdade
Especialista em criminologia
Assaltos bancariostrafico intenso
Estoque fechado de porte ilegal
As peça na mesa, bolando um plano
A proxima vitima quem é eu não sei
Vai ser na zona sul que vamos atuar
Por em ação esse assalto
Pike homem bomba nois parte pra pista
Sem medo nenhum é toma la da ca
Treinado na Alkaida os mano é terrorista
Verme te prepara pra tomar o poder
Se tu der o pé ou fraquejar
Não te acha na bala, nem tenta correr

SP é assim, SP é assim
nois corre pelo certo
E o certo é exaltado
Sangue de bandido, profissão perigo
E o errado é fuzilado (2x)"

Claramente, suas letras, como as de todos os funkeiros desse novo estilo baseado na ostentação dos video-clips americanos, onde negros (em sua maioria), com dentes de ouro passeiam em limousine com mulheres belas e promíscuas, aponta como sustentáculo financeiro dessa farra uma espécie de "cangaço urbano", ou, como diria Renato Russo(do Legião Urbana), um "faroeste caboclo".

Incrivelmente, nesse cenário a mulher continua com um  papel secundário, pois as meninas trocam charme e glamour por caronas e rolês em carros importados conduzidos por jovens que veem o sexo como mero divertimento deles, como tomar um chopinho na fim de tarde ou cheirar uma carreira de pó.

O crime organizado em São Paulo não tem apenas suas teias e raízes cravadas no solo mais insuspeito do "sistema", como desfruta de trilha sonora graças ao direito constitucional à liberdade de expressão e manifestação artística nas vozes de cidadãos "limpos"(sem problemas com a lei), como esses artistas, que não querem senão explorar a deixa da sociedade pasmada diante do incontrolável rolo compressor da violência.

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